Pompoarismo
O
exercício do prazer
Fortalecer
os músculos da
vagina para aumentar
o prazer durante o
sexo é uma prática
milenar. Nasceu na
Índia, foi
aperfeiçoada no
Japão e na
Tailândia, ganhou o
nome de pompoarismo
e agora conquista
centenas de adeptas
no Brasil
Laura
Muller
Parecem duas
bolinhas de
pingue-pongue. Mas
são menores, um
pouco mais pesadas e
unidas por um
cordão bem fino.
Brancas ou
coloridas,
texturizadas ou
lisas, as ben-wa --
que em japonês quer
dizer "que se
acomodam",
estão se tornando
atração nos
consultórios de
ginecologia e nos
cursos que ensinam
como aumentar o
prazer durante a
relação sexual.
Praticando
exercícios com
essas bolinhas
dentro da vagina, as
mulheres trabalham
sua musculatura.
Como resultado,
melhoram a qualidade
do orgasmo e evitam
o afrouxamento da
região pélvia, que
com a idade ou com
partos sucessivos,
perde a firmeza.
Utilizar
as ben-wa
não é tarefa das
mais fáceis.Claro
que ninguém
consegue na primeira
tentativa. Requer
semanas de treino e
muita paciência.
Às vezes, antes, é
preciso enrijecer a
musculatura com
movimentos mais
simples, que incluem
o uso dos dedos, de
um vibrador ou de
pesinhos que se
parecem com um
absorvente interno.
Mas esse esforço
compensa.
"Minha vida
sexual mudou. Tive
sensações
deliciosas, que
nunca havia
experimentado",
conta a empresária
Mari Rocha Lima, 42
anos, de Guarulhos
(SP). Ela participou
de um curso de
ginástica sexual em
busca de mais
prazer. "Só
quando você
trabalha essa
musculatura percebe
o poder que pode ter
na cama",
revela.
Império
dos sentidos: onde e
como nasceu o
pompoarismo
Para chegar ao
alcance de Mari, a
técnica percorreu
um longo caminho
pelo Oriente. Os
primeiros
exercícios surgiram
na Índia, com o
tantra, doutrina
milenar que encara o
sexo como uma forma
divina de atingir a
plenitude. Bem mais
tarde, no início do
século XX, gueixas
japonesas e
prostitutas
tailandesas se
apoderaram desse
conhecimento para
massagear o pênis
de amantes e
clientes com a parte
interna da vulva.
Treinavam com as
contas de seus
colares, a primeira
versão das atuais
ben-wa. A arte
ficaria conhecida
como "pompoar",
que significa sugar
o pênis. As
tailandesas foram
ainda mais longe que
as japonesas.
Começaram a lucrar
com exibições em
que fumavam cigarros
com a vagina e
arremessavam
pequenos objetos. Em
1976, esse tipo de
proeza ganhou as
telas dos cinemas. A
cena em que um ovo
era sugado e depois
expelido foi a mais
comentada do filme O
Império dos
Sentidos, um
clássico erótico.
A façanha
reapareceria, em
1994, na comédia
Priscilla, A Rainha
do Deserto, em que
uma mulher atira uma
bolinha de
pingue-pongue na
platéia durante um
espetáculo
erótico.
Como
essa técnica chegou
ao país: do
circuito da
pornografia aos
consultórios
médicos
O pompoarismo chegou
ao Brasil em meados
da década de 70,
mas até pouco tempo
atrás ficou
restrito aos
circuitos de
pornografia. Uma das
formas de
conhecê-lo era
entrar em contato
com o Velho Mestre,
um homem de
meia-idade que usava
esse codinome para
anunciar aulas
particulares em
jornais. Mas ele só
ensinava jovens. E
na prática: marcava
o encontro num
motel, manipulava os
objetos na aluna e,
no final, transavam
"se ela
quisesse". Faz
mais ou menos um ano
que seus anúncios
desapareceram dos
jornais. "A
esposa e a filha
descobriram e o
pressionaram a
parar", conta o
antropólogo Mauro
Cherobim, que
conheceu o Velho
Mestre quando
elaborava um estudo
sobre pornografia no
Estado de São
Paulo. Hoje a
história é bem
diferente. Quem se
propõe a ensinar
não toca em
ninguém, fornece
apostilas e reúne
até cinquënta
pessoas em
auditórios ou
salões de eventos
transformados em
salas de aula. Duas
das professoras mais
conhecidas são a
ginecologista Glene
Rodrigues Faria, do
ambulatório de
sexualidade do
Hospital Pérola
Byington, em São
Paulo, e Stella
Alves, uma ex-aluna
do Velho Mestre que
afirma ter aprendido
tudo "por
correspondência".
"As pessoas
têm gostado tanto
que em Brasília dei
aula para 200
mulheres num final
de semana", diz
Stella.
Especialistas
alertam: melhora o
sexo, mas não
resolve problemas
emocionais
Nos consultórios,
ensina-se uma
ginástica muito
semelhante ao
pompoarismo, baseada
na técnica do
ginecologista
americano Arnold
Kegel. Nos anos 50,
ele recomendava às
pacientes que
contraíssem e
relaxassem os
músculos vaginais
500 vezes por dia. A
quantidade de
repetições era um
exagero, como se
comprovou mais
tarde, mas os
exercícios surtem
resultados
positivos: previnem
e tratam problemas
como flacidez
pós-parto e
incontinência
urinária. Hoje,
sabe-se que os
exercícios de Kegel
aliados à
psicoterapia podem
auxiliar no
tratamento de
vaginismo,
distúrbio sexual em
que a vagina
permanece contraída
durante a
penetração
provocando dor.
"Só faz bem. A
mulher cuida da
saúde e passa a se
conhecer
melhor", afirma
a terapeuta Maria do
Carmo de Andrade
Silva, coordenadora
de mestrado em
Sexologia da
Universidade Gama
Filho, no Rio de
Janeiro. "Muita
gente nem percebe a
existência de
alguns músculos na
região pélvica,
mas descobre que
pode ter sensações
muito prazerosas se
movimentá-la."Segundo
os especialistas,
com treino é
possível aprender
movimentos que se
assemelham às
contrações que
ocorrem de forma
involuntária
durante o orgasmo. O
segredo é começar
cedo. "A
região pélvica
sofre alterações a
partir dos 25 anos.
Precisa ser
fortalecida para se
manter saudável e
sensível", diz
Maria do Carmo. Mas
o ginecologista
Gerson Lopes, do
Hospital Mater Dei,
em Belo Horizonte,
alerta: o
pompoarismo não faz
milagre para quem
tem inibições
emocionais que
interferem na cama.
"Sexo está
mais na cabeça do
que no corpo",
afirma. Ou seja: se
o emocional vai bem,
a ginástica pode
ser uma dose extra
de prazer. Caso
contrário, não faz
efeito.
Encontre
o ponto certo
Se
você tiver
dificuldade para
localizar os
músculos que vai
exercitar, um bom
truque é tentar
parar o fluxo de
urina e depois
retomá-lo por duas
ou três vezes
seguidas. Procure
manter as
coxas bem afastadas.
Os músculos que
você movimentar
são os que terá de
trabalhar. Eles
fazem parte do grupo
dos pubococcígeos e
vão do osso
pélvico (na frente
de seu corpo) até o
cóccix.
O ideal
é praticar estes
cinco movimentos
DIARIAMENTE,
pela manhã e à
noite. Procure fazer
pelo menos três
séries de quinze ou
vinte repetições
para cada uma delas.
É natural sentir
dificuldade nas
primeiras
tentativas. Não
desanime.
Resultados positivos
costumam aparecer
nas primeiras
semanas.
1-) Sente-se
em uma cadeira e
apóie as mãos nas
coxas. Deixe os pés
paralelos e
distantes 20
centímetros um do
outro. Contraia os
músculos da vagina
como se apertasse
algo dentro dela.
Conte até três e
relaxe. Aumente a
contagem
gradativamente até
chegar a dez.
Variação: contraia
e relaxe os
músculos
rapidamente. Para
acertar o ritmo,
imagine que
acompanha uma
respiração.
2-) Recoste-se
na cama e deixe as
pernas separadas e
semiflexionadas.
Insira um dos dedos
na vagina e tente
apertá-lo o mais
que puder. Caso não
sinta nenhuma
pressão insira dois
dedos. Volte a se
exercitar com um
dedo quando a
musculatura estiver
mais treinada.
Variação: tente
sugar o dedo com a
vagina. Conte até
três antes de
relaxar.
3-)
Deite-se num
colchonete e deixe
os braços ao longo
do corpo. Flexione
as pernas. Essa é a
posição inicial.
Eleve o quadril e o
dorso e fique
apoiada sobre os
ombros e os pés. Ao
elevar o quadril,
contraia os
glúteos. Volte a
posição inicial e
relaxe os glúteos.
Variação: Na
posição inicial,
contraia o ânus em
três tempos, sem
relaxar: primeiro
levemente. Em
seguida mais forte e
depois com toda a
intensidade que
conseguir. Fique
assim e contraia a
vagina como se
sugasse alguma coisa
com ela. Conte até
três e solte os
músculos devagar:
Primeiro os da
vagina, depois os do
ânus.
4-) De
pé com as pernas
semiflexionadas,
coloque as mãos na
cintura e deixe os
pés paralelos e
distantes 20 ou 30
centímetros um do
outro. Mova a
pélvis para cima e
para frente. Ao
fazer isso, contraia
a parte interna da
vagina. Segure,
conte até três e
relaxe.
Variação: Faça
um movimento
contínuo e
circular, como se
usasse um bambolê,
só que em quatro
tempos:
1-) Mova a pélvis
para cima e para
frente;
2-) Leve o quadril
para a esquerda;
3-) Jogue o bumbum
para trás;
4-) Leve o quadril
para direita.
Para
Incrementar
Uma maneira de obter
o máximo de
eficácia no
treinamento é, com
o tempo, passar a
usar bolinhas,
pesinhos ou um
vibrador durante os
exercícios.
Tome dois
cuidados: antes
e depois de
usá-los, lave-os
com sabão neutro e
não os compartilhe
com outras pessoas
para evitar a
transmissão de
doenças.
Pesinhos(ou
Cones)
Para fortalecer a
musculatura interna
da vagina. De PVC,
pesam de 20 a 70
gramas e são
vendidos em
Clínicas de
Ginecologia. (240
reais).
Exercícios - Introduza
o mais leve como se
fosse um absorvente
interno. Mantenha-o
por 15 minutos. Nas
semanas seguintes,
tente usar o de 30
gramas e aumente o
peso até chegar ao
de 70 gramas.
Detalhe
importante: esse
é o único
exercício que
requer
acompanhamento
médico para evitar
que a mulher
prejudique a
musculatura caso
aumente o peso antes
do momento certo.
Géis
lubrificantes à
base de Água
- devem ser
usados no vibrador e
nas bolinhas BEN-WA
para facilitar a
penetração. Há
produtos vendidos em
farmácia, como o KY
(8 reais) e em sex
shops, com aroma de
frutas (de 18 a 30
reais).
Bolinhas
BEN-WA - Indicadas
para treinar
movimentos de
sucção e
expulsão. De PVC ou
silicone, pesam 20
gramas (cada uma) e
estão a venda em
sex shops(de 25 a 35
reais). As bolinhas
cor de rosa têm
saliências que
estimulam a região
a ser exercitada e
tornam o treino mais
prazeroso. Mas só
devem ser usadas
após adquirir uma
certa prática.
Exercício: Coloque
uma bolinha na
vagina e tente sugar
a outra com os
músculos. Nas
primeiras vezes,
você pode
empurrá-la com os
dedos. Procure
expeli-las. No
começo puxe o
cordão para ajudar.
Vibrador
- Para aumentar
a intensidade das
contrações.
Recomenda-se o de
tamanho médio, com
3 centímetro de
largura e 15
centímetro de
comprimento, de PVC,
vendido em sex shops
(de 30 a 35 reais).
Exercícios: Introduza
a ponta do vibrador
na vagina e aperte-o
com o começo do
canal. Depois
coloque-o mais para
dentro e aperte-o
com a parte do meio
da vagina. Faça o
mesmo com o canal
todo. Outro
movimento: coloque a
ponta do vibrador na
vagina e tente
sugá-lo. Em
seguida, procure
expeli-lo. |